quarta-feira, 1 de abril de 2009

Receita para evitar a crise, em 2009, é cautela

Texto: Vivian Schetini
Especial para o Jornal do Commercio

O ano de 2008 terminou deixando certas dúvidas nos produtores sobre o real impacto que a crise internacional pode causar sobre eles. Por isso, as expectativas para 2009 são mais cautelosas, tendo em vista as dificuldades que haverão de crédito, mas nem por isso pessimistas. Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro, Christino Áureo, o ano passado terminou com um total de investimentos, apoios e financiamentos no total de R$100 milhões.

“Para 2009, recebemos incremento de mais R$ 50 milhões que pretendemos usar efetivamente no fomento à atividade agrária em todos os setores”.

Observar os desdobramentos da crise é outra questão levantada pelo secretário para poder estabelecer ações mais pontuais, se houver necessidade. Não basta apenas investir, afirma ele, é necessário dialogar com outros níveis de governo a fim de integrar atividades e soluções. Os setores de cana e de leite estão entre os que mais sofreram em 2008.

“Vamos buscar todos os elementos que possam dar apoio para que eles se reergam”, diz, embora acredite que a tendência para esse ano no setor de leite, é que 2008 não se repita. “Foi um ano muito ruim para essa atividade” afirma.

A crise atual está afetando todos os setores da economia. No setor de orgânicos, os produtores também são cautelosos, embora seja um setor que vem crescendo. Mesmo com a elevação de consumo e crescente aceitação do público pelos orgânicos, o produtor Dick Thompson, do Sitio do Moinho, afirma que esse ano nada escapa de surpresas devido à crise iniciada em 2008.

“Temos que nos proteger da melhor forma para sobreviver aos próximos anos. Não só na agricultura, mas em todos os setores. Analisar despesas, procurar diminuir custos, expandir pontos de venda, analisar preços”, afirma.

O secretário de agricultura e abastecimento do Estado de São Paulo, João Sampaio acredita que os reflexos devem vir na próxima safra com escassez de crédito e endividamento em algumas regiões. “O modelo de crédito agrícola baseado no financiamento direto da produção, calcado nas exigibilidades de 30% dos depósitos bancários à vista e de 70% da poupança rural, corre o risco de não atender à demanda, uma vez que o dinheiro de tradings e os recursos livres tendem a desaparecer ou ficar caro demais para o financiamento do plantio seguinte”.

Uma das saídas imediatas, segundo Sampaio, é utilizar os mecanismos de proteção cambial e de preços (hedge) em bolsas de mercados e futuros. São Paulo aponta para um crescimento de 8% de investimento nas áreas de pesquisa, assim como aumento nos recursos para recuperação de estradas rurais com volume de R$ 80 milhões previstos. João Sampaio detalha que já houve um grande incremento no último ano totalizando R$ 127 milhões de 2007 e 2008.

“Em 2009, crescerá o dinheiro para crédito agrícola dentro do FEAP, fundo mantido com recursos do Governo para financiamento a pequenos e médios produtores com juros de 3% ao ano e pagamento em até cinco anos”.

Parte dos investimentos será destinada a alguns projetos, como o programa Pró-Trator - Agricultura Moderna, que oferece financiamento de tratores a juros zero para os produtores paulistas. Além disso, estes tratores serão adquiridos por um preço médio com 20% de desconto oferecido pelas empresas fabricantes. “São seis mil tratores totalizando R$ 400 milhões em recursos disponibilizados pelo Banco Nossa Caixa e outros R$ 100 milhões do Governo do estado que subsidia juros zero para o produtor”, explica o secretário.

Em Minas Gerais, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues afirma que para 2009 a meta é continuar os trabalhos iniciados em 2008 a fim de manter a posição do estado em produção e exportação. Minas Gerais está em primeiro lugar na produção de café, representam 51% da produção total do Brasil. Em relação ao leite produz 30% de todo o leite brasileiro, além disso, também é de 30% a participação em relação às florestas plantadas, com objetivo de produção de celulose combustível.

O Estado de Minas possui cerca de R$11 bilhões livres para investimento em vários setores. Segundo o secretário, o Governo atua de forma a integrar todos os setores e assim possibilitar crescimento sócio econômico em todo o Estado: “O objetivo é integrar todas as atividades: industrial, comercial e agrária, de forma que um setor complemente o outro e todo o Estado cresça”.

Segundo o secretário o forte de Minas Gerais são as exportações. No ano passado, houve crescimento de mais de 18% das exportações mineiras no agronegócio. A intenção é continuar as ações para que em 2009 esses números subam cada vez mais.

Segundo análise da Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura do Estado de Minas, há indicadores de que os reflexos da crise econômica mundial poderão reduzir o ritmo das exportações do agronegócio mineiro no mercado internacional. Neste caso, os números não serão tão altos como se previa inicialmente, mas para a Superintendência prevalece a estimativa de receita superior à do ano passado.

Além disso, Gilman Viana conta que, esse ano será implantado um sistema de monitoramento eletrônico para acompanhar a movimentação do rebanho no território mineiro. Minas tem o segundo maior rebanho bovino do país, com 11,3% do total, segundo anuncio feito mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Agropecuário de 2007. Segundo o IBGE, o Estado conquistou uma posição no ranking, superando o Mato Grosso do Sul. A liderança nacional continua com o Estado do Mato Grosso, que detém 12,9% do rebanho brasileiro.

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